Capítulo Trinta e Sete (às margens do rio) (29/05/2013)
 


Mestre e discípulo caminhavam pela estrada, com destino à cidade mais próxima.

Sempre que o destino permitia, a paisagem inspirava ensinamentos que o mestre transmitia ao discípulo durante o tempo ingrato das léguas tiranas.

Lá pelas tantas surgiu à frente da dupla, uma linda mulher e um rio a ser atravessado.

Travestido de cavalheirismo ímpar, o mestre disse ao discípulo: - Tomarei a mulher em meus braços e ajudarei a mesma a atravessar até a outra margem.

Surpreso, o discípulo questionou: - Mestre, tu és puro! Por que contrarias tua história imaculada e desliza os dedos no pecado existente neste corpo de
mulher?

Impoluto, o mestre, com o dedo indicador entre os lábios pediu-lhe silêncio e tomando a linda mulher entre os braços fez a travessia.

Ao chegar à outra margem, o mestre tornou a linda mulher em terra firme recebendo dela um singelo agradecimento. Em seguida virou-se para a estrada e continuou em busca de seu destino, acompanhado da figura interrogativa do discípulo.

Contudo, as perguntas prosseguiram: - Mestre, continuo não entendendo tua atitude. Manchaste tua carreira. Tu te tornaste um homem comum – disse o incrédulo discípulo.

O mestre parou e olhou fixamente nos olhos do discípulo e falou com a calma que lhe era peculiar: - Jovem inquisidor, nós deixamos a linda mulher às margens do rio e seguimos estrada afora. Mesmo assim e a despeito da vida seguir seu rumo, tu continuas carregando aquela figura feminina.

Moral da história: “Não podemos carregar indefinidamente as circunstâncias impostas pelo destino. O ontem deixou de ser. O hoje precisa existir para poder construir. Nós precisamos fazer valer a experiência adquirida e continuar em frente e avante”.

Torcedor, a imprensa clubística panfletou nosso pseudo fracasso, em Arapiraca, onde nosso adversário, inclusive, acreditou que pudesse retroagir no tempo e voltar a surpreender.

Dez anos mantém inúmeros caminhos - e nós testemunhamos isso -, mas eu não tenho conhecimento do mesmo raio cair duas vezes no mesmo lugar.

O raio caiu! Foi de encontro ao descontentamento de quem quer o mal de um centenário que oxalá vingará pungente.

O fantasma foi exorcizado e suas asas cortadas.



***

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História.... Amizades ... Esposa e Filha.

Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.

Visite o nosso espaço eletrônico, "À LUZ DA CATEDRAL" -
www.catedraldeluz.blogspot.com


comments powered by Disqus
acesso rápido
 
 
 
 
 

Palmeiras Todo Dia - O Site Oficial do Torcedor Palmeirense!